Culpa. Hoje irei fazer diferente,
não trarei qual seu significado no dicionário. Resolvi que nesse caso, o que
mais importa é o sentimento e não a definição exata do que ela significa.
Quando tu me magoaste, principalmente por aquela atitude ter sido totalmente
inesperada, por incrível que pareça, eu me senti culpado, em parte. Pensei
várias vezes no que tinha feito de errado, em como havia te tratado, se tinha
te deixado faltar alguma coisa, se não tinha dado o meu melhor, se não havia
dado valor a mulher que estava do meu lado. Além disso, somou-se um sentimento
de traição, porque por mais que tu não tenhas mentido, tu acabaste omitindo. Tu
não omitiste qualquer coisa, tu omitiste algo que poderia ter mudado o rumo
dessa relação, se é que ela continuaria a existir e poderia ter causado muito
mais estrago se isso fosse revelado mais tarde, muito mais. Se eu não tivesse
perguntado, tu não teria me contado e por mais que tu tenhas falado a verdade,
você traiu minha confiança pelo simples fato de não ter sido a mulher que eu
resolvi ter pra mim, por não ter sido a mulher que eu acreditei que tu eras e o
fundamental, tu não foi a mulher que dissestes que era. Parece que estou
falando muito mais da palavra ‘traição’, mas isso é assunto pra um próximo
texto, se é que esse tópico já não foi abordado o suficiente por aqui. Vou
voltar ao foco. Agora, depois de uma conversa um tanto estranha, em que eu
resolvi me abrir contigo e também expor onde eu falhei, novamente estou aqui
com um sentimento de culpa violentíssimo. Porque por mais que eu não tenha me
lembrado de ter dito o que tu falaste que eu disse e na hora que eu disse, te
ver chorando na minha frente, sem nenhum outro motivo aparente, faz com que eu
me sinta um crápula, um homem que nunca se esforçou pra te conquistar, um tipo
de homem que eu abomino desde que vi minhas primeiras amigas sofrendo, um tipo
de homem que de homem, só tem a idade. Não é assim que eu sou, nunca fui trouxa
contigo, posso ter sido grosso, assim como tu também foste comigo, mas me vejo
como um cara que te tratou praticamente como uma namorada no tempo em que
estivemos juntos. Se eu errei, admito meu erro, se eu traí tua confiança com
isso, tenho que arcar com as consequências, eu sei. Mas um tempo sentado na
areia, olhando pro mar, me deu uma visão mais profunda de tudo que aconteceu
entre a gente. Pensei desde aquele primeiro dia, em que eu decidi que tu serias
minha. Naquele dia em que parecia que eu levaria mais um fora, mas consegui
levar um beijo teu pra casa. Daí pra frente, acho que mais importante do que
algumas desavenças individuais, preciso ressaltar a convivência que, apesar de
conturbada devido as nossas birras, foi, digamos, demais. No momento onde tudo
parece estar perdido, onde os dois estão magoados e se sentindo traídos, de
certo modo, eu penso em como chegamos a esse ponto. Foram duas atitudes
isoladas que, quando postas na mesa, geraram um enorme desconforto em relação
ao ponto de segurança que tínhamos um no outro. Se não conseguimos negar toda
essa dor pela qual estamos passando, também não podemos negar o que sentimos um
pelo outro. O medo de se machucar de novo está sendo maior do que a vontade de
ser feliz, de continuar sendo feliz e de estar ao lado de quem nos faz tão bem.
Se estamos nos sentindo enganados, precisamos nos apegar no que de mais
verdadeiro aconteceu entre a gente, o sentimento. Se tudo o que vivemos até
aqui foi falso, então eu só posso ter mais problema mental do que eu imaginava.
O ciúme que sentimos um pelo outro é incontrolável, nos empolgamos de vez em
quando e tu sabes disso, mesmo que não demonstre. Terminar vai ser como uma
‘Missão Impossível’, eu sinto, tu sentes. Eu vou sofrer aqui no meu canto e tu
vais sofrer no teu. Não quero sofrer desse jeito, tu queres, mulher?
Por Vinícius Fin.
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